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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

ENCHENTE

ENCHENTE: Em meio das tragédias O rosto gélido Daquilo que se amava... As enchentes a beira das estradas, Os desmoronamentos de morros De casas, de vidas há muito abandonadas A sua própria sorte... A morte a espreita, Os rios congestionados A ausência de palavras De solidariedade, Os recados secos, As relações ressecadas Transformadas em manchetes. As tempestades que vem e que cessam Deixando os seus rastos de abandono Por todos lados. As vidas que já no cotidiano são rejeitadas, Desprovidas de toda dignidade. Nesta cidade onde todos somos anônimos, Onde todos somos sem nome, Até o momento que a tragédia nos consome. Que crianças e famílias são subterradas, Em que casas são arrasadas, E que não nos sobra nada, Nem mesmo nossa história narrada.

O REFLEXO DO ESPELHO NA MEMÓRIA DA CASA.

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O REFLEXO DO ESPELHO NA MEMÓRIA DA CASA: (monólogo para três atores). "Hoje amanhã será ontem" ...Nada... Nada... Nada... Isto é ridículo... Inútil... Chega! Calem-se! Pelo amor de Deus! Deus? Deus? Quem diria...  Deus! A suprema divindade... Eu tenho horror aos seres humanos... Principalmente quando estão vestidos para irem ao teatro. Eles me causam náuseas. Sensações que não ouso descrever. Desfilam suas futilidades. Falam nos seus celulares banalidades sem fim. Não há nada que se possa aproveitar de tudo isso. Então estamos no teatro? Não, não estamos. Na verdade estamos isolados de tudo. Pode ser que estejamos mortos. Ouço as pessoas falarem comigo, mas não entendo muito bem o que falam. Será que estamos mortos? Não sente esta imobilidade do corpo? Não... Eu não sinto nada. Estou desacostumado com o sol, com a chuva, com o mundo. Estou cansado de tudo. As horas escoam e retornam implacáveis. Alguma coisa mudou e eu não ...