ENCHENTE
ENCHENTE: Em meio das tragédias O rosto gélido Daquilo que se amava... As enchentes a beira das estradas, Os desmoronamentos de morros De casas, de vidas há muito abandonadas A sua própria sorte... A morte a espreita, Os rios congestionados A ausência de palavras De solidariedade, Os recados secos, As relações ressecadas Transformadas em manchetes. As tempestades que vem e que cessam Deixando os seus rastos de abandono Por todos lados. As vidas que já no cotidiano são rejeitadas, Desprovidas de toda dignidade. Nesta cidade onde todos somos anônimos, Onde todos somos sem nome, Até o momento que a tragédia nos consome. Que crianças e famílias são subterradas, Em que casas são arrasadas, E que não nos sobra nada, Nem mesmo nossa história narrada.