AFOXÉ.




AFOXÉ:



Primeira versão:

Lança de fogo no jogo da dança,
O ventre do vento...
Ela dorme dançando,
Ela desperta dançando...

Rumores de amores
Na revolta de um vendaval,
Firme no meio do vento,
No meio do fogo o afago da vida
Que doma a dor da miséria.

Mãe lúcida
Nas veredas do perigo
Do tempo que fecha sem chuva,
O corpo todo de pedra...

Senhora sem medo e sem segredo.
Tam... Tam... Tam... Tambor...
O alarido do vento da vida,
O trovar de trovões,
Pratos de prantos,
Verso e reverso do universo,
A parte do corpo que aprende
Envolto no branco do branco.

Fala tranqüilo e tranqüilo cala,
Elefante que fere
Não conhece a ferida,
Escorpião tem ferrão arqueado
E a voz vem de dentro da boca.

Árvore que desarvora.
Mulher
Neblina no ar,
Fêmea que flama,
Iansã
Levanta-se com seu talismã...

Esfrega terra na testa do mentiroso,
Rompem cabaças Senhora do tempo
Do templo e do ar
Vibrando vermelho
No jogo da dança...

Mãe de clareza,
Cobras na areia,
Águas que afundam...
Oiá ventania!
Que arrancam árvore e as jogam longe.
O céu partido no meio...
Tempo bom... Tempo ruim...

Vira e revira
Que o Pai vem à vila
Velar a vida e rezar
Pro braço que o céu atravessa
E coloca a Terra do avesso.

Bebe cachaça na cuia,
Que Xangô nem chegou pra falar.
Leopardo o que come
É pimenta crua,
E é Exu que cuida do olho da rua.

Firme no meio do vento...
Firme no meio do fogo...
Firme no meio do vendaval...

O vento da vida
Esvaiu-se num sopro,
O tempo que fecha sem chuva.

Segunda versão:

O trovar de trovões,
O açoite do ciúme
Cravado na carne,
Pratos de prantos,
O que Xangô
Nem chegou a falar.

Árvore desarvorada,
Mulher
Neblina no ar
O fogo que aflora
E nos olha
Como se quebrasse cabaças.

Fêmea que flama,
Iansã que levanta o seu talismã,
Esfrega terra na testa do mentiroso,
Rompem cabaças

Senhora do tempo,
Senhora do ar
Vibrando em vermelho
No jogo da dança.

No ventre do vento
Ela dorme dançando,
Ela desperta dançando
Rumores de amores.

Revolta-se como um vendaval,
Firme no meio do vento,
Firme no meio do fogo,
O vento da vida que doma a miséria.

O corpo todo de pedra,
O tempo que fecha sem chuva...
Mãe lúcida nas veredas do perigo,
Fala tranqüilo...
Cala tranqüilo...
Elefante que fere não conhece a ferida...



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PAISAGENS/MIRAGENS E RITOS DE PASSAGEM.

PAISAGENS/MIRAGENS E RITOS DE PASSAGEM.

GIRASSOL DA MADRUGADA.