MANIFESTO PARA UM NOVO FUTURISMO
Mas que medo é este?
Para quê adocicar as palavras
Com estes escrúpulos de conduta?
Tudo aí
Não passa
De uma constatação
Uma lamuria
Embalsamada
Palavras como bolhas de sabão
Que flutuam no ar e
Depois estouram
Eu quero as vozes
Retumbante das latas
Os gritos de desespero
As frases descontroladas
Ou a oxidação implacável
Das frases ferruginosas
Nada deste passado
Próximo ou remoto
Nenhuma palavra
Guardada
Na estufa do pensamento
Quero o grito dilacerado
Da palavra ácida entre-cortada
Numa voz que seja como uma navalha
A ferir as poses comportadas
Um grito
Que ecoa além da Terra
Na imensidão do espaço
Sentirão nisso
Um negro desconforto
Uma irritação nervosa
A incomodar esta lamuria chorosa
De humanidade sofredora
Nada é instável
Neste mundo
Tudo balança
A beira de um
Abismo
Objetos sólidos se estilhaçam
Sobre a força
De um irrefreável dinamismo
Chega deste reflexos fulgurantes
Que o espelho seja partido
Em multi facetadas formas
Sem sentido.
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