Núcleo Lopes Chaves: Relatório afetivo. (arquivo)



Relatório Afetivo das atividades no Núcleo Lopes Chaves da Cia do Feijão.

Em Fevereiro me deparei com a proposta “Núcleo Lopes Chaves” da Cia do Feijão com a seguinte formulação: Estudos e construções cênicas a partir de poemas e correspondências de Mário de Andrade: forma e significação da palavra em paralelo com o estudo físico e técnico na elaboração cênica do poeta que diz o poema. Entre os temas estava “O Poeta e a Cidade”.
Logo me identifiquei com a proposta, pois ela vinha de encontro com a minha pesquisa pessoal que sempre envolveu a poesia falada e a performance da oralidade teatral. Entrei em contato com Vera Lamy que era a propositora e coordenadora do núcleo, inicialmente tratava-se de um núcleo interno do grupo, Vera muito generosamente concedeu que eu participasse.
Iniciei, portanto esta experiência com Vera e com outros dois artistas convidados para assessorar no processo, Rodrigo Mercadante e Zé Romero. Neste período conversamos muito sobre a obra de Mário de Andrade, e também cheguei a fazer uma improvisação juntamente com estes três artistas.
Logo em seguida Vera abriu o processo para a participação de outras pessoas, o que ela chamou de “Ensaio Participativo” para diferenciar de uma "Oficina Convencional", mesmo porque não se tratava mesmo de uma oficina, mas de uma proposta de troca entre artistas com experiências diversas.
Este processo aconteceu em três semanas, onde em cada semana foram propostos roteiros diferentes e ao mesmo tempo paralelos. Nossa base foram três textos de Mário, na primeira semana um fragmento da obra “Lira Paulistana”, na segunda utilizamo-nos do capitulo “Carta para Icamiabas” da Rapsódia (como Mário a chamou) Macunaíma, na terceira semana o poema épico “Meditação sobre o Tietê”. Estes textos não foram trabalhados isoladamente, mas colaram-se a eles a cada improvisação textos pessoais, depoimentos de vida, canções, etc.
Há cada encontro realizamos uma improvisação que foi ao mesmo tempo uma Performance única, no final de cada improvisação conversávamos e debatíamos os conteúdos e imagens que surgiram no exercício já elaborando a proposta para o  encontro seguinte.
Na primeira semana o roteiro foi denominado “Lopes Chaves”, que é a rua onde viveu Mário de Andrade. No primeiro dia realizamos o que Rodrigo chamou de “Mapa Afetivo da Cidade de São Paulo”, trabalhando sobre uma grande superfície feita de papel Kraft sobre o chão, utilizamo-nos de materiais de artes plásticas (giz de cera, tinta guache, cola, folhas de jornais, etc.). No segundo encontro fizemos o passeio da Rua Teodoro Baima onde é sede da Cia até a Rua Lopes Chaves, onde ainda existe a casa que morou Mário de Andrade, atualmente funciona lá a “Oficina da Palavra”. Neste passeio fizemos algumas intervenções na rua, não para um público, mas de nós para nós mesmos. No terceiro dia com estes materiais coletados fizemos uma nova improvisação sobre o mapa afetivo, praticamente o desconstruindo.
Na segunda semana as improvisações foram centradas no roteiro proposto por Zé Romero chamado de “Modus in Rebus”, onde introduzimos o universo contido no romance Macunaíma. Foram ao todo três improvisações, onde além de explorar os trechos do capítulo “carta para Icamiabas”, exploramos o espaço cênico de diversas maneiras, ora um espaço mais aberto, ora mais fechado.
Na terceira e última semana realizamos o roteiro proposto por Vera “As Lavadeiras”, neste roteiro além dos conteúdos, imagens resultantes dos roteiros anteriores, introduzimos o Rio Tietê através do texto de Mário. Na primeira improvisação utilizamo-nos de alguns elementos cênicos como livros, tecidos, folhas de jornais, papel picado, bobina de papel branco, além do fio de nylon que em todas as improvisações esteve presente determinando o topo cênico. No segundo encontro apreciamos e analisamos as imagens produzidas no processo até aquele momento (fotos e vídeos). No terceiro encontro Vera propôs que realizássemos os três roteiros simultaneamente, mas dispensando os adereços que foram utilizados ao longo do processo (o único elemento que permaneceu foi o fio de nylon recortando o espaço) e usando a palavra falada da forma mais econômica possível, centrando a improvisação-performance nas intenções, ações e reações entre os atuantes, portanto, buscando um estado de presença física, atenção e prontidão.

Conclusão:

Como foi dito no início do relatório as propostas formuladas pelos artistas Vera Lamy, Rodrigo Mercadande e Zé Romero vieram de encontro com a minha pesquisa pessoal centrada no ator-performer que envolve procedimentos do teatro, da dança, das artes visuais e da música dentro de um processo Work in Progress. Seguem aqui alguns registros fotográficos do processo.






























































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