DEVANEIOS NOTURNOS 2 (Poema colaborativo: Gabriel/Sakae.)
DEVANEIOS NOTURNOS 2
(Poema colaborativo: Gabriel e Sakae.)
Criações poéticas:
Pedaços assimétricos
De chocolate...
Ou uma boa dose de conhaque,
Rugas no rosto rasgado...
Fumar um
De madrugada.
Saber que a vida
Vale tudo
E vale nada.
Lavar os pincéis
Com sabão e com água.
Liso espelho d'água,
Nos olhos ardentes
Noites claras...
Se movimentar
E ficar parado,
O que é simétrico
E sinestésico
Num gole d'água.
Claras hortênsias
Desabrochando.
Gestos largos,
Braços quebrados.
Espelho refletindo
Minhas lembranças...
Águas escorrem das faces
Pelas mãos:
Fragmentadas lembranças...
Como se fossem tranças
Que eu fizesse nos meus cabelos.
Em gestos transloucados
Nos dentes imóveis
E pelo rosto petrificado
De uma vida inteira.
Arrepios gélidos,
Cáries na boca.
O tremer das mãos
Na pia do banheiro
E aquele gosto amargo
Do último trago
Do meu conhaque.
A descarga que não funciona
Na hora certa...
Olhar atônito
No espelho congelado,
Memória fria do nada,
Pausa em branco.
O meu rosto perplexo
No espelho,
Parece que é mesmo
Um pesadelo.
Um fio que escorre
Adentro a noite
E uma tremedeira
No meu corpo
Inconciliável...
Pelo vidro da janela
Espio a noite,
Asas de morcego
Em ziguezague...
As estrelas
Que a muito tempo
Morreram no firmamento
Do meu rosto pálido,
Mas que choram
Convertidas em raios...
O canto de pássaros noturnos
Como um agouro
Atento no sinal fechado.
Ameaça !
Tudo é ameaça !
Ameaças baças !
Trincheiras
Em volta do meu corpo,
Passo falso,
Abismos...
Arames farpados
Restringindo a paisagem
Do campo,
Delimitando
O espaço selvagem
Da casa
Que é meu abrigo seguro.
Na palma da minha mão,
Na beira da minha cama,
Eu sozinho comigo mesmo
Ao esmo...
Lençós gastos
Rasgados,
Odor de fronhas
Fedidas,
Encardidas
E minha ferida aberta
Infeccionada.
Gélidas lembranças,
Traumas do hospício,
Das loucuras do meu espirito,
Das camas
Em quartos públicos.
Nas paredes rasgadas:
Resquícios
De corpos sujos
Encardidos.
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