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Mostrando postagens de dezembro, 2019
SER OU NÃO SER: Versão de João Ubaldo Ribeiro.
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Levo ou não levo, é isso. Talvez seja melhor sofrer a sorte da gente de qualquer jeito, porque deve estar escrito. Ou melhor brigar com tudo e acabar com tudo. Morrer é como dormir e dormindo é quando a gente termina as consumições, por isso que a gente sempre quer dormir. Só que dormir pode dar sonhos e aí fica tudo no mesmo. Por isso é que é melhor morrer, porque não tem sonhos, quando a gente solta a alma e tudo finda. Porque a vida é comprida demais e tem desastres. Quem agüenta a velhice que vai chegando, os espotismos e as ordens falsas, a dor de corno, as demoras em tudo, as coisas que não se entende e a ingratidão, quando a gente mesmo pode se despachar, até com uma faca? Quem é que agüenta esse peso, nessa vida que só dá suor e briga? Quem agënta é que tem medo da morte, porque de lá nenhum viajante voltou e isso é que enfraquece a vontade de morrer. E aí a gente vai suportando as coisas ruins, só para não experimentar outras, que a gente não conhece ainda. E é pensando...
APRESENTAÇÃO DO ENGENHEIRO METAFÍSICO EM OSASCO.
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Caracterização para O Ex-Mágico da Taberna Minhota.
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AFOXÉ.
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AFOXÉ: Primeira versão: Lança de fogo no jogo da dança, O ventre do vento... Ela dorme dançando, Ela desperta dançando... Rumores de amores Na revolta de um vendaval, Firme no meio do vento, No meio do fogo o afago da vida Que doma a dor da miséria. Mãe lúcida Nas veredas do perigo Do tempo que fecha sem chuva, O corpo todo de pedra... Senhora sem medo e sem segredo. Tam... Tam... Tam... Tambor... O alarido do vento da vida, O trovar de trovões, Pratos de prantos, Verso e reverso do universo, A parte do corpo que aprende Envolto no branco do branco. Fala tranqüilo e tranqüilo cala, Elefante que fere Não conhece a ferida, Escorpião tem ferrão arqueado E a voz vem de dentro da boca. Árvore que desarvora. Mulher Neblina no ar, Fêmea que flama, Iansã Levanta-se com seu talismã... Esfrega terra na testa do mentiroso, Rompem cabaças Senhora do tempo Do templo e do ar Vibrando vermelho No jogo ...
MANIFESTO PARA UM NOVO FUTURISMO
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Mas que medo é este? Para quê adocicar as palavras Com estes escrúpulos de conduta? Tudo aí Não passa De uma constatação Uma lamuria Embalsamada Palavras como bolhas de sabão Que flutuam no ar e Depois estouram Eu quero as vozes Retumbante das latas Os gritos de desespero As frases descontroladas Ou a oxidação implacável Das frases ferruginosas Nada deste passado Próximo ou remoto Nenhuma palavra Guardada Na estufa do pensamento Quero o grito dilacerado Da palavra ácida entre-cortada Numa voz que seja como uma navalha A ferir as poses comportadas Um grito Que ecoa além da Terra ...
DESENHO.
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DESENHO: Construo objetos inexistentes Num espaço que não há... Momentos de paz e de tormento Neste fazer minucioso De juntar as partes Com o todo... Eu divido o espaço plano E crio a profundidade, O espaço antes vazio Adquire agora densidade... Elaboro a matéria Camada a camada... Como um cão enterra um osso, Vou abrindo uma espécie de fosso, Dele surgem formas Há muito tempo enterradas Na memória do povo... O trabalho que não tinha vida Porque era plano Adquire vida em profundidade, Mas o que é plano e tem vida Não precisa da perspectiva.
PASSEIO A LOPES CHAVES.
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Passeio à Lopes Chaves: Zona Leste Higienópolis Água desperdiçada Só atravesse no sinal verde Um cachorro com o seu dono Quem passeia no cruzamento? Qual o valor da gasolina Na esquina da General Jardim? Há pessoas nas calçadas Donas de nada Zona Oeste Siga em frente As pessoas estão acampadas na cidade Saudades despedaçadas Na área restrita Só pessoas autorizadas Onde é o seu ponto de encontro com Deus? Adeus! Sigamos em frente O passado aqui no presente Da onde vem tanta gente? Alameda Nothmann Bebedeiras houve Nas suas esquinas Loja de móveis antigos Não sei se vou Ou se fico Quem são mesmo os meus inimigos? Me deixaram do lado de fora O que é que vou fazer agora? Não sei se fico ou vou-me embora Aqui na rua onde morou Mário de Andrade Quero saber a verdade do que sou Se sou poeta? Se tenho alma? Ou alguém roubou?
Núcleo Lopes Chaves: Relatório afetivo. (arquivo)
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NÚCLEO LOPES CHAVES: RELATÓRIO AFETIVO. Relatório Afetivo das atividades no Núcleo Lopes Chaves da Cia do Feijão. Em Fevereiro me deparei com a proposta “Núcleo Lopes Chaves” da Cia do Feijão com a seguinte formulação: Estudos e construções cênicas a partir de poemas e correspondências de Mário de Andrade: forma e significação da palavra em paralelo com o estudo físico e técnico na elaboração cênica do poeta que diz o poema. Entre os temas estava “O Poeta e a Cidade”. Logo me identifiquei com a proposta, pois ela vinha de encontro com a minha pesquisa pessoal que sempre envolveu a poesia falada e a performance da oralidade teatral. Entrei em contato com Vera Lamy que era a propositora e coordenadora do núcleo, inicialmente tratava-se de um núcleo interno do grupo, Vera muito generosamente concedeu que eu participasse. Iniciei, portanto esta experiência com Vera e com outros dois artistas convidados para assessorar no processo, Rodrigo Mercadante e Zé Romero. Neste período...